A modalidade, que mistura carrinho de rolimã com Fórmula Um, teve dois representantes no pódio em etapa de mundial
A velha brincadeira infantil do carrinho de rolimã hoje tem um 'descendente' radical e veloz chamado street luge. A modalidade consiste em descer uma ladeira deitado em uma prancha feita normalmente de chapas de aço, alumínio, e fibras de vidro ou carbono, conhecida como luge. O competidor apoia o tronco e a cabeça nessa superfície e usa o peso do corpo para fazer as curvas e contato dos pés com o chão para frear. O luge tem quatro rodas e uma estrutura com rolamentos, parecida com a do skate. Como a velocidade chega a passar dos 100km/h, equipamentos de segurança como capacete, luvas e macacão são necessários.
Na última etapa do mundial de esportes de gravidade, disputada entre os dias 23 e 25 de outubro em Teutônia-RS, dois representantes de Curitiba subiram ao pódio na categoria street luge. Leonardo Borton ficou em segundo e Mário Jardim foi o terceiro.
Em torneios de street luge, os competidores saem em duplas e vence quem chegar primeiro. Na largada, os lugers usam os braços como impulso por alguns metros, a chamada 'remada'. Depois disso, percorrem trajetos sinuosos de 2km, em média, e levam pouco mais de um minuto para terminar.
O cenário do esporte
Jardim é o pioneiro do street luge em Curitiba. Em 2001, ele descobriu a modalidade ao ver um mundial no Rio de Janeiro. Depois disso, pesquisou na internet mais informações e construiu um luge de madeira. “Sempre gostei de andar de carrinho de rolimã, mas não havia competição para isso”, revela. Ele conta que passou a treinar em ladeiras da cidade e atraiu curiosos com a novidade. Em 2004, Jardim disputou o primeiro campeonato, em São Paulo. Desde então, acumula mais de 30 participações em torneios.
“No street luge tudo é mais difícil. Poucos conhecem e não há espaço na mídia”, afirma Jardim. Há três anos ele recebe apoio da Prefeitura de Curitiba pela lei de incentivo ao esporte. A ajuda o permite viajar para torneios que acontecem no Brasil. “Ainda não tive a chance de competir fora do país”, lamenta.
Atualmente, a cidade tem a Associação Curitibana de Street Luge (Slac), criada em 2008, e a primeira do país. Na capital, existem nove praticantes da modalidade. Apesar do número pequeno, Jardim se diz contente, pois em outros locais há menos adeptos. “Para quem andava sozinho, melhorou muito”.
O vice-campeão da última etapa do mundial, Leonardo Borton, começou no street luge há três anos, por influência de um amigo. Na opinião dele, para se dar bem na modalidade, o fundamental é ter a técnica do traçado, cautela e saber usar o vácuo do adversário. ”Quem sai atrás na largada tem essa vantagem”, observa. Ele destaca que Curitiba está muito forte nesse esporte, devido principalmente ao treino semanal realizado pelos membros da Slac.
As ladeiras indicadas para o street luge na cidade ficam no Ecoville, no Guabirotuba e no São Lourenço. Para quem quiser se aventurar, o conselho de Borton é investir em equipamentos de segurança, que custam caro. “Para se construir um luge completo e adquirir o macacão utilizado, o praticante paga em torno de dois mil reais".
Próximos desafios
O próximo representante de Curitiba a participar de competições será o designer Jades Maicon, que pratica desde 2006. “O primeiro desafio é contra a ladeira, e é importante ter medo. Nas vezes que caí, foi o excesso de confiança que me derrubou, mas nunca me machuquei seriamente”, diz Maicon.
Segundo o praticante Jonathan Rodrigues, o que falta ao esporte é divulgação para atrair mais interessados. “O gancho da modalidade é a velocidade. Nossa ideia inicial é fortalecer o
luge para poder organizar competições”, relata.
Reportagem Ciro Campos
Edição Lina Hamdar
FONTE: http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/7444
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